sábado, 22 de setembro de 2012

Por que ter um blog?



Eu estava pensando nessa questão um dia desses, quando estava de bobeira depois de acordar e olhar para o teto e pensar em como seria o meu dia e... Bom, não cheguei a nenhuma conclusão. De como seria o meu dia. Ah, sim, e de porque ter um blog.
É sério. Todo mundo pensa que a palavra “blog” se resume a portais com tutoriais de maquiagem e de moda e de como fazer festas de 15 anos que bombem. Confesso que às vezes também tenho esse pensamento – não só porque hoje em dia mais da metade da civilização brasileira de blogs é composta por esse tipo de portal, mas porque eu já fiz um blog assim (quando tinha uns 10 anos, claro). Todo mundo pensa que escrever pra internet inteira ler requer experiência em sofrimentos adolescentes – e caso você não seja um adolescente pentelho, fale de esporte ou de política ou de fofoca ou de qualquer outra coisa fútil e está tudo bem. Mas estamos aqui pra mudar esse conceito, certo?
Antes que vocês se perguntem o que deu em mim, faço questão de “vos” responder: nem eu sei. Deve ser o calor da madrugada, a necessidade de escrever, a música alta no fundo, a minha mãe querendo imitar a voz do Adam Levine, qualquer coisa assim. Não sei dizer o que é. Mas os meus sentimentos não têm prioridade aqui – não podemos nos esquecer de que este não é um sobre “pessoalidades” da minha pessoa. Isso aqui é um blog sério, pô. Tão sério que já repeti a palavra “blog” umas seis vezes – contando com o título, claro. Esse blog (7ª ou 8ª vez) tem um destino, um foco, um público alvo... Será? O que significa tudo isso? Por que, meu santo Deus, eu resolvi inventar essa coisa?
A verdade é que sempre quis escrever para um monte de gente. E essa internet tem uma coisa muito tentadora: o poder da exposição. Da opinião, da figura, do sofrimento pelo garoto por quem você, jovem de 15 anos, é apaixonada, de tudo – bom, e o que mais tem por aí é gente querendo expor de tudo. Mas a partir do momento em que você se dedica a expor seus pensamentos num lugar onde todos os lugares do mundo podem te ler (com a ajuda do incompreendido Google Tradutor, claro), as coisas mudam – quero dizer, os olhos brilham. Porque não existe essa coisa de escrever e não querer ser lido. Isso é mentira, é hipocrisia de filme de sessão da tarde. Como humana que sou, tenho a necessidade de ser lida (porque com a beleza já nem conto – tá bom, parei com a modéstia). E ter um blog, um diário virtual ou qualquer outro nome que queiram dar a esse treco envolve certas responsabilidades – e algumas consequências bem desagradáveis.
Como ser chamado de blogueiro. Ou seja, desocupado que vê o Video Show todo dia, e que também todo dia comenta a gordura do Bruno de Luca. Ou André Marques (para de fingir que não sabe!)?
Ter um blog requer tempo. E nem todo mundo tem tempo. Eu, por exemplo, não sou desocupada como muitos pensam. Ah, e ter blog requer criatividade – quem é essa? É uma vaca que aparece quando quer, e isso inclui a hora que você deita na cama e pretende sonhar com o Wagner Moura.
Ter blog requer paciência. Requer encheção de saco. Requer leitura, entendimento, conhecimentos básicos de gramática e ortografia – ter um blog requer vontade. Muita vontade. Muita mesmo.
E requer também a necessidade de dividir com o mundo o que você não pode dividir com você – porque nenhuma parte sua aguenta mais o problema. Requer a necessidade de pôr as coisas no lugar, de se organizar por dentro e por fora.
Comparo um blog a uma vida. É como se você parisse um milhão de vezes – e se a maternidade não for o seu forte, você desfaz essa vida um milhão de vezes clicando em um único botão. Pra você ter um blog, não basta ter uma ideia, porque o que mais tem por aí é ideia – na maioria das vezes, idiota, mas ainda é ideia, fazer o quê. Pra você ter um blog, precisa ter uma espécie esquisita de amor. Porque o fato de escrever para o mundo é o que gera o fato de que se acaba escrevendo pra si mesmo – você faz parte do mundo, então é você, o mundo e o seu lado do mundo que leem o blog, entendeu o esquema? Ter um blog é um verdadeiro exercício psicológico, é o que penso. Porque você precisa lutar contra si mesmo, contra sua vergonha, seus medos, suas insanidades. Ter um blog é um ato de coragem, vai por mim.
Eu ainda não sei de onde e em que momento resolvi criar o Descodificada. Nasceu de repente, depois de milhares de blogs “abortados” (N histórias, contos de alguma coisa, bla bla blá). O Desc nasceu de uma madrugada sem pregar os olhos – assim como meu primeiro livro, como meu primeiro post, como minhas tantas ideias de entrevista (eu falei que a vaca da criatividade resolve aparecer nas horas mais impróprias). E quando eu percebi que depois de trezentas tentativas frustradas eu havia me dado bem, fiquei orgulhosa de mim – mesmo fazendo as ilustrações dos primeiros posts no Power Point, o que me envergonha um pouco. Sei que se tenho dez visualizações semanais já é muito, mas se eu gostasse de matemática, já estaria na sua faculdade. No começo, eu quis fazer um blog para ver o meu suposto talento brilhar. Hoje, brilho com o alívio que compõe a sensação de um post finalizado. Saber que consegui expressar o que penso em âmbito universal é muito louco – loucura é comigo mesmo, docinho.
Depois de um post tão pequeno como este, acho importante dizer que não estou me despedindo, ou seja, que o Desc Blog não será abortado. Ele já tem dois anos e diz “mamãe” e “papai” (Já falei que o Wagner não é o pai dele, que ele é filho de mãe solteira). Apenas enfatizo a importância deste portal na minha vida. Aprendi que não levo jeito pra diário, agenda ou qualquer coisa que comece com “querido”. Aprendi que o mundo está disposto a me ouvir – e se só eu gosto desse blog, tudo bem, eu faço parte do mundo, isso já é tudo.
Sinta-se à vontade em fazer parte deste mundo também. Não garanto que vá gostar – mas que o grau da sua miopia vai aumentar, ah, vai.


 (Alberto Caeiro)

















(Ouça Falling, Jamiroquai - em modo Repeat)

3 comentários:

  1. Eu gostei muito do seu post, eu as vezes me perguntou, porque eu criei um blog ? Serio, eu acho que mesmo que alguém não comente, não dê um palpite eu imagino que alguém leu, que alguém talvez compartilhe da mesma opinião que eu, bem, eu vou dizer a verdade, não lembro como cheguei ao blog,mas gostei bastante dele - bem, seu post foi muito bom mesmo, flr, e seu blog está muito legal.

    Beijos!

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    1. Muito obrigada mesmo! Estou feliz por ter gostado. Volte sempre, és bem vinda! :)

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  2. Amiga amei o post, ficou interessante pois muitas coisa ai eu um dia não obtive respostas pois eu mesmo não sabia como responde, Mas hj ao ler eu tive as minha respostas. Beijos parabéns pelo Blog

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