Nesses últimos dias, por conta da
necessidade de ter um desempenho extraordinário no vestibular, resolvi encarar
o monstro que me impedia de ler livros no computador – na falta de um tablet ou
de dinheiro para ir à livraria e encher o carrinho, a gente acaba apelando pro
bom e velho 4shared. Preciso deixar claro que essa não é minha primeira
tentativa – a quem interessar, foram várias e várias as vezes em que tentei ler
algum livro no computador até o fim.
E mesmo que a miopia grite, mesmo
que a cabeça doa tanto que ameace explodir... Não importa. Irei até o fim.
Pronto. Já posso compartilhar
alguma frase sobre persistência e esperança no Facebook.
Mas por que perder tempo fazendo
um post aparentemente tão idiota? Ei, nem pense em sair dessa página! Leia até
o fim. Eu, hein, que mania.
Acontece que, na hora de escolher
o livro que me faria ver o quanto sou determinada, passei por certa
dificuldade. Minha primeira opção? Não vou negar, foi aquele “50 tons de cinza”.
Por que não segui com tal obra? Porque não tenho 30 anos, não gosto de
Crepúsculo e não tô tão carente assim.
Então resolvi investir na Clarice
Lispector – tendo em vista que já li algumas de suas crônicas e gostei. Comecei
com um resumo de “A hora da estrela”. Aí que eu não contava de bocejar. Achei
que fosse implicância. Apostei em “A paixão segundo G. H.”, e resolvi lê-lo
direito.
MALDITA HORA.
O problema da Clarice – além da
foto dela que, pelo amor de Deus, a mulher deve ter um álbum de fotos e só usam
a que ela está mais estranha – é a auto afirmação. Ok, digamos que esse não seja
um problema... Acho interessante ter certeza do que você é, do que você quer e
bla bla blá. O problema está em repetir essa auto afirmação SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE.
Não quero tirar a importância dela como escritora – é uma ótima aula de língua
portuguesa... Mas é como estar num divã todos os dias, e como se todos os dias
fossem o mesmo dia, deu para entender? Eu desenho, meu filho: dizer sempre a
mesma coisa em todas as páginas de todos os capítulos de todos os livros não é
nada excitante. Não vou negar que suas crônicas me ajudaram muito a interagir
melhor com figuras de linguagem... Mas minha admiração por Clarice é
direcionada à técnica, e não à criatividade. Bom, a sorte é que 80% dos “fãs” atuais
de Clarice nunca pararam para ler um livro e formar uma opinião; o máximo que
fazem é compartilhar alguma frase nas redes sociais. Então vos dou uma dica:
antes de ofender a blogueira e sua opinião, forme uma. Beijos cheirosos.
Mas nem tudo está perdido. Se
Clarice vivesse nos dias de hoje, leria Martha Medeiros todo santo dia,
frequentaria divãs e teria uma página movimentadíssima no Instagram. Mas creio
que teria mais chances de estimular sua criatividade para criar histórias.
Ok. Acabou Lispector. Vamos ao
livro que escolhi.
O eleito foi “Budapeste”, Chico
Buarque (link na barra à direita). Já é o segundo livro do Chico que leio... E
me apaixonei pelo seu método de contar histórias. Confesso que tinha lá meus
preconceitos com seus métodos, e por isso torcia o nariz para lê-lo –
preconceitos esses baseados nas crônicas “alucinógenas” do seu Caetano Veloso.
Pensei que todo bom cantor de MPB fosse como Caetano... E quando li “Leite
Derramado” (Chico) percebi o quanto estava errada. Do início ao fim, é como se
ouvisse a voz do Hugo Carvana. E a história é fabulosa.
Aí veio Budapeste... 60 páginas,
capa simples, título que me instigou. Baixei e fui na fé. Acabou que, nos
últimos dias, “Budapeste” virou meu calmante. O mais interessante desse livro é
que fica claro que o autor sabe distinguir seus personagens magicamente – além da
história, a narração e o estilo precisam mudar de livro para livro. Para mim, é
isso que falta nos livros da dona Clarice. Volto a dizer: ela tem sua
importância. Mas para mim, não é tão “maga” como dizem.
Para minha alegria, estou para
terminar Budapeste. Sem dor de cabeça. Sem olhos ardendo. Sem miopia gritando.
Mas feliz, porque quero ser como Chico quando crescer – não sou homem e também
não tenho olhos azuis, mas tenho ânsia por uma cabeça tão “maneira” como a
dele.
P.S.: “Dear” Chico, se por algum
motivo seus olhos pousarem sobre minhas palavras, não fique com raiva de mim
por saber que baixo seus livros. Entenda que vivemos num país onde a cultura
não é devidamente valoriza – comemos ou ficamos inteligentes, e entre ser burro
e ter anemia, desculpa. Mas não entenda isso como uma ofensa, pelo contrário.
Entenda que entrei no 4shared para te procurar, e não para baixar o CD novo do
Luan Santana. Nada contra você – aliás, tudo a favor, e que você continue a
escrever. Entenda-me, poxa!
Ah, e se quiser me dar uma
bronca, entre em contato comigo.
(Ô galerinha, me deixa sonhar,
poxa!)
(Ouça Sem você 2, Chico Buarque)
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