quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Passado, futuro, passado…

O futuro… Ele me dá medo. Pensar que amanhã será diferente, que preciso planejar, que minhas ideias precisam passar por transformações radicais… Não gosto dessa sensação. Não gosto desse risco. Não agora. Não neste parágrafo. Não nesta linha.

Sonhar? Todo mundo sonha. Todo mundo quer alguma coisa. Todo mundo almeja algum destino bonito, com flores e amores e doces e outras idiotices indispensáveis. Um quer mais que o outro, ou quer o mesmo. Quer a felicidade, quer a justiça para a perda, quer o sabor da vitória… Mas ninguém tem medo de dar errado, porque sabe o que quer, porque acha que o desejo é invencivelmente perfeito e inquestionável. Mas as vontades mudam, os gostos mudam, a vida muda… Ai, os tempos mudam. As horas passam, meu Deus. Não quero que leiam meu futuro. Só quando eu morrer, aí sim vale a pena ter sua história em linhas. Não penso em coisas fáceis. Nada de holofotes ou autógrafos – se eles vierem, pura consequência. Quero mesmo é… Ah, sempre me perco no que quero. Por ser muita coisa, por ser tão simples e ao mesmo tempo tão difícil chegar aonde quero.

No fim das contas, nunca estamos satisfeitos. Mas sempre esquecemos que é o fim, que as contas não nascem de novo. Um dia, quando nosso presente for o futuro de hoje, olharemos o passado e teremos uma certeza: tudo muda, mas sempre somos os mesmos. Sempre há um fundo falso dentro de cada um, como um cofre. Não é fácil acessá-lo, é uma senha tão longa… Nossa linguagem mudará, nossas concepções… Mas seremos inquietos e infantis como antigamente. Nada mudará de verdade. O futuro vai nos dizer isso. Provas virão, questões complicadas, vestibulares, empregos sufocantes, relações incompreensíveis, medos, angústias, aflições, dívidas… Adultos seremos, com mentes pobres de esperança. Mas envelheceremos mais um pouco, e a criança chata ainda estará viva.

O futuro vira presente ou passado. O presente vira passado. E o passado… Esse não morre nem muda. É sempre o mesmo. De repente, meu medo do futuro foi embora. Mas ele ficou no passado. E se lá ele está, é porque não morreu, simplesmente foi congelado.

 

Descodificada.

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