segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Descodificando Janeiro

Ele começa a todo vapor. Ora, dezembro deixou uma sujeira que só o coitado pode limpar. O segundo dia já é mais calmo, mais zen... É só a primeira semana e o pobre já pensa: "bem que eu podia ser o último ao invés de ser o primeiro".
Dia nove ou dez. O ano começa aos poucos, os olhos se abrem num movimento bem devagar. Para alguns, esse movimento pode ser torturante. Para outros, ainda estamos no Natal. Mas tem gente que sente um frio na barriga. Sem explicação.
É a segunda semana. Tem um lado do mundo que não aguenta mais tanto frio, enquanto tem outro lado que dá a vida por um ar condicionado. Olhos preguiçosos, lentos, mortos... E quando os ouvidos sentem a palavra "diversão" ou até mesmo o termo "nada a fazer", os olhos se abrem como crianças loucas por balas. É tempo de queimar as agendas, de dar as mãos para qualquer um que passar na rua e dizer: "Deus, entrei na era de aquário!", de ver o que não se via há uns doze meses. Mulheres assaltam as bancas de jornal para encontrar nas revistas de dieta a "fórmula mágica para o verão". Homens, antes engravatados e cheios de si, preocupam-se apenas com suas geladeiras cheias de cerveja e carne para churrasco. Adolescentes embaladas por um ritmo "baladeiro" insuportavelmente pregados por músicas do novo "rock alternativo" com os conteúdos mais sem sentido do mundo ué, isso acontece o ano inteiro! Namorados correndo na beira da praia, fazendo poses diversas para câmeras digitais que só faltam falar, enquanto a namorada vira para o amado e pergunta: "môr, como tiro foto nessa coisa?" - a pergunta que desencadeia a primeira briga do ano.
Terceira semana. Uns desanimados com a proximidade do batente, outros que se programam para o carnaval. Ainda faz calor nessa parte do mundo, mas daquele tipo que ninguém aguenta mais mesmo, nem os repórteres que devem cruzar as areias de Copacabana para dizer como o Rio de Janeiro tem a cara do verão. Crianças berrando por lápis da Barbie ou do Ken - eles ainda fazem sucesso? Não acompanho as modinhas de material escolar para crianças desde que Rouge acabou. O assunto mais comentado nas revistas de fofoca: "quem será a nova rainha de bateria da Mangueira?".  A primeira eliminada do Big Brother já está negociando com a Playboy seu cachê de 200 mil para a edição de fevereiro - isso se a outra bonitona que está na casa não sair antes do combinado, se não a tal moçoila que já havia saido vai para a edição de março - ou de abril, se por acaso a nova sensação do funk não aceitar o cachê milionário que a revista oferece.
Última semana. Janeiro perdeu a graça. O ano perdeu a graça, só por ter começado de verdade. Uns rezam para esse novo ano passar como um furacão. Outros procuram no calendário o próximo feriado. E o resto? Jogando as listas de promessas para 2011 no lixo.
Esse sim é um mês de altos e baixos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário