quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Euforia

Para início de conversa, devo dizer que apaguei as primeiras palavras deste post umas duzentas vezes. Afinal de contas, falar sobre uma coisa tão humana como esta não é nenhuma bobeira. Digo isso porque sei o que é ser eufórica, o que é estar numa linha de impulsos e total descontrole… Mas deixemos este fator pra lá. O que me traz aqui, com toda certeza, é o medo de perder as estribeiras. E quem não tem esse medo? Ora, ser louco não é problema – dependendo do que chamamos de loucura. Ser normal é que não é muito saudável, cá entre nós. Afinal de contas perder-se numa rotina é algo totalmente desagradável. Mas o que devo grifar aqui é outra coisa: a euforia é um grau elevadíssimo de loucura, e é uma das grandes inimigas da descodificação tão “pregada” (perdão pela palavra!") neste blog.

Não é fácil viver da forma mais equilibrada possível. Quem pensa que o tal equilíbrio que tantos desejam se encontra num pacote de pão de forma light ou na barrinha de cereais da academia ao lado se engana piamente. Andar na linha é algo praticamente impossível, simplesmente porque não existe linha. A hora fatídica sempre virá, com nossos gritos, nossas opiniões, nossas reclamações, ou seja, com todo o cansaço que possa haver. E quando essa tal hora chega… Há quem diga que é impossível se recompor. Outros dizem que “tiveram suas vidas transformadas”, assim como em propagandas religiosas ou livros de auto-ajuda. Só que o mais importante dessa história é entender o significado da palavra “euforia”. E antes que se irritem comigo pela enorme quantidade de vezes que a tal palavra foi repetida, vamos ao assunto.

Ser eufórico. Pode ser o mesmo que idolatrar, que rir de tudo com tremendo desespero, sentir dor de cabeça por coisas bobas, chutar baldes imaginários, querer chorar para suprir necessidades ou sentimentos, calar-se num mundo de risadas e admirações sem sentido, abrir-se sem dó nem piedade, trancar-se com um belo disfarce de violado. É ser tudo isso por fora, é ser confusão por dentro, é querer mudar tudo que há em você e nunca ter coragem para o tal feitio. É viver estourando como bolhas de plástico, sendo que você mesmo vai se estourando. É não crescer nunca: ter medo de crescer, de ser grande e não ser mais quem você é, pois mesmo encontrando milhares de defeitos na sua faceta atual, no fundo você acredita que gosta do que vê no espelho. E será que gosta?

Motivos para euforia? Não vou dizer que são milhares, pois não são. São poucos, mas cada um com sua “cara”. Pode ser saudade. Pode ser insatisfação. Pode ser saudade. Pode ser insegurança. Pode ser amor. Ah, justo agora que eu não queria usar essa palavra…

Deve ser isso. Deve ser por causa disso que um dia acordamos no meio de um sono profundo e tatuamos com uma verdade insuportável. Deve ser por isso que não toleramos as mudanças que nos acompanham, mesmo sendo dispensadas. E por que dispensamos essas mudanças? Essa é a segunda pergunta que fazemos depois desse súbito despertar que já citei, pois a primeira pergunta é: o que houve comigo? E então percebemos que sempre acusamos as hipocrisias alheias, mas nunca enxergamos as nossas hipocrisias. E então nos perdemos num torturante arrependimento, num sentimento cheio de tudo que não queremos sentir.

E qual será nossa rota de fuga? O recomeço.

Sempre o recomeço. Sempre.

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