Dia mórbido. Sol de rachar, crianças brincando no quarto, TV alta tocando ora George Michael, ora Michael Bublé. Nada é tão ruim quanto parece... Ora, nada pode ser ruim. Pode? Bom, existe uma hora em que você não sabe de mais nada.
Nada é ruim. Isso se você desconsiderar coisas básicas do ser humano, como a ansiedade, o medo, o arrependimento por coisas tão banais que apelidamos de erro, a culpa, a saudade, uma leve pitada de solidão, uma maior ainda de preguiça... Deve ser isso. Deve? Como assim? Cadê a certeza que tanto se cobra? Cadê a paz na sua cabeça?
Com toda a sinceridade que Deus me deu e que eu devo ter preservado, domingo não é um dia normal. Pelo contrário: é um dia tão enlouquecedor que faz você pensar na sua semana de uma forma quase que autodestrutiva. Um dia cheio de códigos. É assim que defino o domingo. Um dia angustiante, tão estranho que não mais saberei definir tão bem quanto dizer que este é um dia cheio de códigos - e essa falta do que dizer é algo totalmente pertencente ao domingo.
Mas todo domingo tem um lado interno que aborda o que há de mais extremo em nós. Um dia em que nada faz sentido, e os sinais que nos ligam ao mundo são dominados por um famigerado curto-crircuito que danifica nossas mentes de forma absurdamente inexplicável. Um dia em que nos obrigamos a esquecer o que nos provoca dor, mas o tédio sempre faz esse mesmo motivo voltar sem eira nem beira. Um dia virado do avesso com cara de dona de casa competente e bem vestida, mas que sempre esconde tamanha ira lá no fundo do olhar. Um dia onde o nexo resolve tirar férias e deixar seus pobres dependentes sozinhos no mundo e amedrontados por suas próprias sombras. Um dia tão descompensado que é melhor virar a página. Mas quem foi o idiota que comparou um dia com um livro?
E é assim. Uma longa espera que começa na terça-feira, pois a segunda serve de descanso para os que deliraram no domingo. Simplesmente assim.
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