segunda-feira, 14 de maio de 2012

Venhamos e convenhamos #5


E aí, amiguinho do coração... Saudades? Opa, maravilha.
Ah, meu caro, como sinto falta das nossas conversas. Sempre tão agradáveis... Sim, estou viciada em “nós”. E é bom demais dizer isso.
O tempo resolveu colocar seu melhor par de tênis e correr alucinado, como se o mundo fosse acabar antes da Sessão da Tarde. Acontece que eu não sou muito fã de rapidez... E acontece que o tal do tempo não se importa muito com isso.
E já que os ponteiros andam fazendo cara feia para mim, é melhor encurtar a conversa e ir direto ao ponto sem esses rodeios que só servem para debochar da capacidade humana de se entender uma história. As notícias que tenho para dar são boas. Começaram ruins, mas agora são boas. Eu garanto.
Caro amigo, o mês terminou com algumas lágrimas na madrugada. Aquela situação complicada em que o creme noturno se mistura com as secreções que servem para limpar a vista, mas acabam por invadir os poros e desmanchar a alma, que já anda meio sonolenta. Bom, pelo menos posso dizer que chorar cansa. É melhor assim... Sabes que não curto rolar o corpo no colchão no embalo da inquietude. Não sei o motivo do choro. Talvez faça parte de algum distúrbio hormonal que toda mulher conhece bem. Ah, sim, você não é uma mulher... É um belo detalhe. Mas acho que me entende. E aí chega uma hora em que você enche os pulmões e prepara um berro qualquer – quando digo “qualquer”, quero dizer que a qualquer hora a infeliz vibração vocal vai pousar nos ouvidos alheios e fazer estragos incalculáveis. Pensei em abraços imaginários nas horas difíceis. Falei com Deus – os chatos dizem que falei com as paredes, mas se assim for, quem disse que Deus não pode estar nas paredes? Pois é. Juntei as mãos, fiz preces, cantei, sacudi as pernas para a dor passar... Não queira imaginar a cena. Prefiro apenas descrever diminuindo o que puder... É mais elegante.
Mas aí veio o milagre. Bom, acho “milagre” uma palavra pesada demais... E ando dispensando pesos. Prefiro dizer que uma luz se acendeu... Não. Místico demais. Quem sabe não seria melhor falar sobre a bonança que vem depois de toda tempestade? Ok. Pois é... O sol raiou. Não muito, pois as previsões meteorológicas não suportam metáforas extraídas de letras de canções melosas. Os últimos dias não se decidiram entre os óculos de sol e o guarda-chuva. A verdade é que eu acordei – não tão cedo como queria, não tão tarde como antes fazia. Abri as cortinas, deixei a luz entrar, matei os ácaros, arrumei a cama, desfiz as olheiras... E fui em frente. Disposta, sempre – não me pergunte de onde veio a vontade de não me afundar na cama. Sabe, meu nobre, gosto dessa sensação. Não suporto o breu. A sombra não é pra mim. Então... É melhor estalar os ossos e partir para o ataque, não acha?
E assim foi feito. Choro bem menos agora – apenas com propagandas de dia das mães e bebês, porque eu já devo ter dito que a aproximação da fase adulta tem aflorado ainda mais a minha sensibilidade. Não havia dito antes? Ah, não importa. 
Acho que a luz está em saber que a vida recomeça a cada dia... Mesmo que alguns dias nos levem a prestar atenção no quanto a nossa cama pode ser confortável – as segundas-feiras são experts nessa tarefa. Meu bom, o dia nasceu – claro, escuro... É vivo. É estrelar, estrelado, estalado, instalado no calendário. E a cada novo dia, aguardo surpresas. Confesso que é esta mania que me move. Bom, sinto-me feliz por ser movida por alguma coisa.
Meu caro, não vamos cair no clichê. Mosquitos mordem meus dedos enquanto escrevo. Parece que nem eles me aguentam mais. Prefiro achar graça deste fato, é mais interessante.
É por isso que falo: não sei aonde vou parar com o que digo. Mas em algum lugar eu hei de chegar. E lá eu te encontro. Riremos de nós mesmos, da nossa distância tão atual, porém tão antiga no futuro. Vamos brincar de... De nos esquecer em qualquer lugar. E aí, quando as gavetas do nosso cérebro resolverem fazer uma faxina... Aí a gente bate na parede, conta até três e diz com quem está o pique.
As saudades ainda existem. As esperanças de que um dia elas vão morrer também.
(Ouça Do teu lado, Leoni)


 (Miss Louise)

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