Prepare sua fogueira. Bruxas serão queimadas. Serve sua churrasqueira. Hum... Já sinto cheiro de carne queimando.
Somos hostis. Reclamamos do barulho que vem do vizinho, gritamos com quem não conhecemos, desrespeitamos tráfegos, inventamos tragédias e nos interessamos pelo que não podemos fazer.
Somos ingênuos. Acreditamos em tudo – em novelas, em programas vespertinos e em senhores engravatados. Apostamos nossas fichas em belezas artificiais, em bonitezas que apenas nós vemos. Frases bem feitas e vozes de locutor de rádio nos enche a barriga. Nossos medos são vazios, insanos e descontrolados.
Somos rebeldes. Descumprimos leis, torcemos o nariz para quem gosta de passos certos, não suportamos disciplina, não temos tempo para cultura. Não cultivamos nada. Talvez porque não tenhamos o que cultivar – o que nós plantamos mesmo? Ah, sim, temos preguiça de plantar. Temos preguiça de construir. O fim já parece ser cansativo logo no começo.
Somos hipócritas. Mentimos porque queremos nos defender. Acreditamos na Lei da Selva, onde cada um é por cada um – então por que cobramos proteção dos engravatados que dizem nos representar? Não aceitamos falhas alheias, só as nossas. Para nós, não existem diferenças, apenas antipatias e aspirações à superioridade. Queimamos bruxas por feitiços que nem temos certeza se existem. Queimamos trouxas por não fazerem feitiços.
Somos humanos. Nascemos nus. Morremos vestidos de sangue. Acreditamos nas nossas próprias mentiras. Somos poucos, somos muitos. Aprontamos. Apontamos. Inventamos amigos e inimigos só para matar o tédio. Não somos felizes porque não sabemos o que é isso. Somos apenas pedaços de carne. Pedaços de gente.
Que nos sobre tempo para sermos alguém sem fantasias. Que sejamos alguém – nem que esse alguém seja nós mesmos.
(Ouça Only Human, Jason Mraz)
Fantastico.
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