Foram meses e meses sem entrevistas... Mas voltamos - e com tudo. Até porque o nosso blog merece, não acham?
E o segundo entrevistado de 2012 é um cara que você deve conhecer bem. Ok, talvez você não se lembre do rosto do sujeito, mas a voz... Ah, você conhece bem. Essa voz está em boa parte das novelas da Globo - ora embalando romances juvenis, ora dando charme à história do cowboy da novela das seis.
Daniel James Edward é inglês, cantor e compositor. Há quase dez anos, desembarcou em terras tupiniquins para "viver uma aventura", como ele diz. Participou do "Fama" (aquele reality que passava no fim das tardes de sábado na Globo, lembra?), mas não ganhou. Em compensação, virou Dan Torres, gravou clássicos como "Close to you" e "Yesterday" - e como eu já devo ter dito, virou o queridinho das trilhas sonoras de novelas e afins.
Que tal decifrar por aí com ele, hein? Let's go!
Pra começar, uma pergunta que boa parte dos nossos leitores gostaria de te fazer, creio eu: o que leva um cantor que vem de um país com preciosidades como Adele, Chris Martin e Amy Winehouse a tentar o sucesso num país onde o que realmente faz sucesso é um tanto monótono (a letra é pobre, a melodia é fraca e não é preciso pensar ou sentir para entender o que se canta)? Sabe-se que você foi reconhecido ao chegar ao Brasil, mas você não tem vontade de tentar algo maior no seu país de origem?
Primeiramente, enquanto entendo seu sentimento em relação à música
ruim - que inclusive tem na Inglaterra também - ressalto que o Brasil é um país
que tem Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, entre muito outros! A
verdade é que a minha vinda para o Brasil não foi diretamente ligada à música.
Vim em busca de uma nova vida, uma aventura, e acabei conseguindo iniciar uma
carreira profissional na música, algo que não imaginei possível quando decidi
vir... Mas o mundo sempre nos reserva algumas surpresas! É claro que um dia
gostaria de ter a oportunidade de mostrar o meu trabalho na Inglaterra, como
gostaria de mostrar para mundo inteiro. Mas meu foco nesse momento está no
Brasil.
Em uma entrevista a um programa de TV, você revelou que, mesmo
falando português como qualquer carioca nato, você tem mais facilidade em se
expressar em inglês. Você acha que isso atrapalha as pessoas na hora de
entender o que você canta ou estimula o ouvinte a aprender uma nova língua
através de suas canções, tendo em vista que a música faz uma grande conexão
entre idiomas distintos?
Eu
acho que isso depende totalmente da pessoa. A música sempre foi uma língua
universal, então é claro que entender a letra de uma canção pode fazer uma
conexão mais forte. Nunca senti esse fato atrapalhar o meu trabalho. Acho que
as pessoas entendem que estou fazendo a minha verdade e aceitam. Espero
sinceramente que, como você citou na pergunta, isso seja um estímulo para as
pessoas decidirem aprender uma nova língua. Seria um motivo de muito orgulho
para mim se acontecer!
Você foi descoberto há quase dez anos pelo programa “Fama”, na
Globo. Não ganhou a competição, mas podemos dizer que foi um dos casos de maior
sucesso em um programa de calouros no Brasil atualmente. Você entrou para o
time de intérpretes das trilhas sonoras das novelas da emissora, garantindo
mais estabilidade na sua carreira. Qual é a sensação de cantar para embalar
histórias de personagens fictícios, ou seja, cantar na maioria das vezes por
encomenda?
Tenho muito orgulho de ter sido chamado tantas vezes para gravar músicas
para novelas. Desde que cheguei ao Brasil, ficou evidente para mim a importância
das novelas nas vidas das pessoas, e sei quanto é difícil para o artista
conseguir emplacar uma música. Não tenho problema nenhum em cantar músicas por
encomenda. Pra mim, ser chamado é um reconhecimento do meu trabalho como intérprete,
e isso me deixa muito feliz. Assistir a uma novela e ouvir a sua voz atuando
junto com os atores em cena é muito legal.
A web tem sido uma boa ferramenta de divulgação pro seu
trabalho? Ou as novelas conseguem introduzir as suas canções nos ouvidos do
público com mais eficácia?
As
duas ferramentas tem grande valor. Na divulgação, o ideal é trabalhar em
conjunto. A música na novela leva sua voz para o país inteiro, mas se não
houver um trabalho depois, muitas pessoas podem não saber quem cantou aquela música.
Qualquer uma dessas duas opções isolada seria uma ferramenta muito boa, mas juntar
tudo torna a coisa melhor ainda!
Sonha em fazer um dueto com algum cantor brasileiro? E se
tivesse que escolher algum cantor inglês ou americano, quem escolheria?
Sempre
quero trabalhar com pessoas talentosas para aprender e criar mais. Gosto muito
de parcerias e espero fazer música com muita gente ainda na minha carreira. O
meu sonho de consumo seria um dueto com Paul McCartney, Stevie Wonder ou James
Taylor.
Você é um camaleão, venhamos e convenhamos. Já fez sucesso
cantando na “Malhação”, já embalou novelas de época... E agora dá uma de cowboy
cantando Johnny Cash na novela das seis. Gosta desse poder de se transformar a
cada trabalho ou preferiria ter uma marca, ou seja, alguma forma única de
cantar que te identificasse melhor?
Para
ser sincero, não tenho preferência. Acho interessante ter uma identificação
vocal para as pessoas conhecerem o meu trabalho, mas acho que estou conseguindo
isso com meu trabalho autoral. As músicas que gravo como intérprete não vem com
esse compromisso vocal, e isso me permite mais liberdade na hora de gravar. O
exemplo que você citou de “Solitary Man” do Johnny Cash é engraçado porque
muitas pessoas não acreditaram que era eu cantando. A canção é numa região bem
mais grave do que costumo cantar, e por isso muita gente não identificou, mas
eu acho isso divertido. É sempre bom ter oportunidades de explorar coisas
novas!
“Bring It Around”, seu mais novo CD, é leve e marcante, e
(corrija-me se eu estiver errada) é repleto de composições suas. Então, Dan, o
que é mais difícil pra você: gravar músicas de ídolos como Bob Dylan e Beatles
ou escrever suas próprias letras, sem cobranças ou encomendas?
Os dois são grandes desafios, mas não sei dizer se um é mais difícil
do que o outro. Compor músicas é um processo difícil de descrever. Às vezes vem
tudo de uma vez, de uma forma aparentemente fácil, e em outras vezes o processo
é mais demorado, mas sempre vale a pena quando você chega ao final. A
facilidade de gravar músicas dos outros é que você já tem um modelo a ser
seguido e pode mudar algo se quiser. O problema é quando entra no estúdio pra
gravar uma musica como “Yesterday”, dos Beatles, sabendo que o que você fizer
nessa hora vai ser registrado para o resto da vida. Se arriscar a interpretar
um clássico é sempre uma responsabilidade muito grande, mas na vida tem que se arriscar!
Pra
encerrar... O que descodifica você, Dan, ou seja, o que te faz se sentir
completo?
Pra mim isso pode ser resumido em
duas coisas: família e música! Tendo essas duas coisas em equilíbrio, sinto-me completo.
Gostaram? Espero que sim.
E pra quem quiser saber mais do Dan, clique aqui.
E pra quem quiser saber mais do Dan, clique aqui.
Até a próxima, descs.
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