sábado, 17 de março de 2012

Acordando #2

Sábado. Tempo murcho, mas pensando que é flor aberta. Tarde. Acordo num conflito interminável – sucumbir ao colchão ou à vida? Uma hora. Deixa eu me recompor. Deixa eu lavar o rosto, é rápido. Pensando bem, um banho.  O corpo inteiro pede água, pede vida. Já que escolhemos a vida, é melhor fazermos bom proveito da tal.
Reclamações. Gritos. Vizinhos enfurecidos. Ambiente caindo aos pedaços. Sento-me, grito sem permitir que a voz fuja, aperto as mãos, quase torcendo as veias – primeiros quinze minutos de um dia que já pode acabar, obrigado. Melhor sair. Melhor andar. Esticar pernas. Esticar o tempo. Ou quem sabe dobrá-lo, amassá-lo, compacta-lo.
É o que faço. E assim, por andar e deixar o suor escorrer, me faço. Me deixo fazer. Me ergo, apesar de andar torta. Ando. Respiro. Sigo. Sem correr. Sem pensar. Apenas da estrada. Propriedade privada de uma propriedade pública. Simples assim.
O tempo passa. A tarde acaba. O sol não pode mais sair, perdeu seu prazo, sua hora, seu tempo. Chego. Canso. Respiro. A água do mundo é toda minha, é o que diz minha sede. Sou meu próprio oásis, é o que diz a lei do improviso, por mais que eu não a entenda nem um pouco. Cá estou eu. Aqui, acolá, à esquerda, à direita, vagando por vagar. Bem devagar.
Paro. Sento. Olho. Vejo. Sou. E sumo. Poeira de estrela. Brisa querendo ser frente fria. Hora de mofar. 


(Ouça Picture of my life, Jamiroquai)

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