domingo, 20 de novembro de 2011

Feito pra acabar?

Antes de qualquer palavra mal dita, um aviso: acabo de fazer um trabalho de literatura que embebedou meu cérebro. Portanto, não esperem clareza ou qualquer tipo de objetividade, seja lá o que for.
Vinte de novembro. Após um fim de semana feito pra descansar, chego em casa, pasmem, cansada. Atiro-me no colchão, usufruo da minha indignação e mantenho os olhos fixos numa bendita tela LCD que me mostra as informações necessárias para que eu me lembre de umas tais escolas literárias que aprendi durante três anos da minha vida. Lembrar. Lá vou eu me lembrar de algo ou alguém. Objeto direto, indireto, sem objeto pra lembrar… Droga.
Tudo bem, está na hora de relaxar um pouco. Nada como a diversão para esfriar a cabeça, relax, don’t worry. Twitter, amigo meu, será que pode fazer o favor de distrair minha mente? É, ele aceita o desafio. E sua primeira cartada me joga numa fossa tremenda, funda, profunda, sei lá o que. Uma amiga minha diz que o fim está próximo. Não o fim dos tempos – fim este que foi aclamado há uma semana, quando um tal de “11.11.11” aportou nos cinemas, e eu, como um patinho, fui ver com minha prima, para driblar as filas enormes que levavam a um tal de “Amanhecer” – não o aplaudido pela novela, mas sim um amanhecer que se diz protagonizado por um casal de artistas que, cá entre nós, é entediante como o entardecer de domingo. Ok, retomando o raciocínio que perdi no fundo branco deste blog… Minha amiga lembrava-me do fim do ensino médio. Um ciclo chato, dormível, com ares de sonífero e bela adormecida. Um ciclo que provocou dores de cabeça. Que provocou meus piores xingamentos dedicados às tantas vezes que o despertador tocou às 06:50h. Que me ensinou tantas coisas, que me apresentou tantas pessoas… Sendo que nem sei se uma dúzia de coisas ou pessoas eu posso aproveitar. Mas o que pode ser aproveitado… Ah, é de muito bom grado. Pode ser aproveitado pra toda a minha vida.
“Who run this foça?” “Me”.
E então milhares de lembranças tomam minha cabeça já desvairada. Inclusive um filme que vi há dois anos que questionava o fato de como se escreve a palavra “foça”: foça ou fossa? Dúvida. Lembro-me de quando vi esse filme pela primeira vez. Estava no 1º ano do 2º grau, comendo brigadeiro e declarando a Deus e adjacências o meu eterno amor por um tal de Wagner Moura. Era início do ano, tinha acabado de mudar de cidade… Nem pensava em começar a viver tudo que vivi na escola onde estudo até hoje – nem pensava em conhecer meus amigos, meus grandes amigos… Nem pensava que me conheceria as amigas que ganhei e que são as confidentes mais incríveis que tenho. Nem pensava em me apaixonar “por um boyzinho”, como diz Renato Russo, que faria, fez ou faz minhas pernas tremerem e minha cabeça sair do lugar. Nem pensava em dar as gargalhadas que dei, em descobrir o que descobri, em ver a vida do jeito que passei a ver. Nem pensava que conseguiria deixar de olhar meu ensino fundamental com os olhos de criança inocente que olhei durante toda a vida. Nem pensava em amadurecer… Nem pensava. Literalmente eu não pensava em nada que não fosse relacionado ao Vercillo, ao Moura, ao Hugh Grant, ao Giane… Eu nem pensava.
Ou seja: nem pensava em pensar.
E as coisas aconteceram. Tudo aconteceu no que hoje chamo de pressa, mas ontem chamei de “arrastadão dos ponteiros”. Meu Deus, como esse tempo passou rápido. E como cismo em dar ares de mulher sofrida de 30 anos enquanto digo tais palavras. Não, não dou ares… Não sei dar ares a nada. Só sei respirar os ares que a vida me dá. Ares esses que ora sufocam, ora me faltam. E eu penso que enquanto vivi tudo o que esses três anos me proporcionaram, o arrependimento nunca poderia andar comigo. Se errei, é aquilo, todos erram… Questões práticas de aprendizado na marra. Precisamos errar, já dizia algum ditado popular…
E então, cá estou eu, lembrando-me de tudo como se esse "tudo" ocorresse há meia hora, quando minha amiga ousou tuitar que sentirá saudade das manhãs com seus amigos. Lembrei-me das trufas que vendia no primeiro ano, da minha sofrida jornada até o primeiro beijo, do meu choro de criança ao pensar que estava apaixonada por um amigo do ensino fundamental (ainda bem que ficou só no achismo!), dos incansáveis questionamentos da mamãe sobre a qualidade do meu ensino médio… Cá estou, sem eira nem beira, com o rosto dormente pelo frio do ventilador, ouvindo minha barriga roncar enquanto pede que eu me levante e faça algo para comer, pensando no dia de amanhã e no tão pouco tempo que me resta até o fim do ano. Tempo esse que só vai completar tudo que já vivi.
Sinto que nem tudo foi dito. Que ainda falta alguma coisa, alguma atitude, alguma palavra, algum berro. E posso até saber o que é. Mas creio que, seja lá o que for, será resolvido. Amo meus amigos, amo aqueles que conheci e marcaram minha vida, marcaram território nas minhas lembranças. Amo pensar que nada disso vai acabar. Porque tudo há de ficar guardado em mim. Como um ESC que todo teclado possui. Como um auxiliar para todas as vezes que eu pensar em apertar o ENTER. A vida é mesmo agora… E eu aprendi isso da forma mais hiperbólica e mais linda que a vida pôde me ensinar. Aprendi que a gente pode amar observando, entendendo de longe, compartilhando, sonhando... Aprendi que posso amar de diversas formas, e que toda forma de amor é suficiente para salvar o homem da camisa de força. Aprendi que quando a gente diz que ama alguém, é pra vida toda, pra toda a vida. Que as palavras têm poder, e sempre voltam, numa lei de retorno que nenhuma aula de física pode explicar. Que os amigos verdadeiros são muito mais do que as explicações para a amizade expostas em murais de Facebook. Que o tempo passa, mas que é tudo é verdadeiro fica. A verdade é como tatuagem, dessas que nenhum laser pode apagar. E que amo e sempre vou amar quem amo hoje, quem amei ontem, quem amei há 3 anos.
Não faço questão de becas, de abraços falsos, de desejos falsos… Faço questão de lembrar. E de lutar para que tudo que eu amo não fique só no passado, mas faça parte do meu presente, do meu futuro. Faço questão de viver e aprender, mas nunca dar o braço a torcer. É isso que quero, é isso que hei de continuar a fazer.

(Ouça Felicidade, Marcelo Jeneci)

luke pearson (Luke Pearson)



#Descodifique-se.

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