domingo, 18 de novembro de 2012

Carta de suicídio virtual



Não sou mais a mesma pessoa. A vida passa por mim como se nada fosse, como se nada valesse, dando a impressão de que vai acabar a qualquer instante. Os dias são iguais; visito os mesmos lugares, falo com as mesmas pessoas, finjo ser alguém que não pretendo ser nem em outra possível vida. A intenção era ter o mundo aos meus pés, mas eles estão tão dormentes que não sinto nada, não vejo nada, não quero nada...
Despeço-me desse mundo vão e cruel. Despeço-me desse portal de futilidades, de picuinhas e de oprimidos que fingem serem caras legais. Despeço-me desse mundo cheio de crianças que não cresceram, de câmeras captando as sujeiras do espelho (além da feiura que o pobre reflete), de amores tão avassaladores que acabam acompanhados de erros grotescos de português, de revoltas assustadoramente desnecessárias, de gente que só enxerga a si mesmo. Apago meus álbuns de lembrança, minhas frases de última hora e minhas tentativas frustradas de ser diferente do que sou para ser igual aos outros.
E se um dia eu voltar, declaro-me desde já incapaz de administrar minhas faculdades mentais – se é que isso seja possível no mundo real.
Aos amigos de longa data, um abraço apertado e o forte desejo de um olho no olho. Aos de última hora, que você também se despeça desse mundo e se junte a mim nessa louca aventura que é sobreviver à própria vida – sem aparelhos ou conexões de banda larga.
Até qualquer nova polêmica, irmãos de vício. 


 (Tumblr)
















(Ouça Half the man, Jamiroquai)

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