sábado, 20 de outubro de 2012

Sobre a novela, a meteorologia e a falta de assunto



Há tempo não escrevo aqui... Ok, pouco mais de dez dias, mas pra mim é muita coisa. Na verdade, não dei as caras por falta de assunto. Eu tento perceber as coisas no dia-a-dia, tento cheirar as manhãs, tento apreciar cada pequeno momento... Mas é difícil converter a rotina em palavras. É chato ser poético o tempo todo. É insuportável pensar que cada dia é um capítulo de um livro que só acabará quando pararmos num caixão.
Ultimamente, a preocupação com a falta de assunto foi algo que só aconteceu comigo, pelo visto. Porque todos têm o que conversar, têm com quem conversar – e Deus, sobre o que falam tanto? Sobre a novela que acabou de acabar? Sobre as loucuras da meteorologia? Sobre o país que vai receber a copa? Sobre um mendigo bonitão?
ATENÇÃO: SE JÁ ESTIVER ACHANDO ESSE POST CHATO DEMAIS, POR FAVOR, AUMENTE SUAS ESPERANÇAS. ESTOU SÓ COMEÇANDO, ESSE JOGO AINDA PODE VIRAR.
Gosto de fim de novela. Últimos capítulos me fazem viajar para um mundo onde tudo é perfeito, onde tudo dá certo no fim, oh, que mágico. E se for um final bacana, pode ter certeza que vou ficar feliz, e que por uma noite vou acreditar que terei um fim lindo e maravilhoso ao lado de um galã mais lindo e mais maravilhoso ainda – mas se for um final chato, pensarei na merda de final feliz que terei, e com certeza vou dormir furiosa. Sobre as loucuras da meteorologia? Ué, loucuras não devem ser discutidas, apenas por médicos – e qual o tipo de médico que vai discutir a bipolaridade do tempo e vai receita-lo um remédio? Sobre o país que vai receber a copa... Só de começar essa frase solto um bocejo gostoso. E sobre o mendigo bonitão? Ué, quantos mendigos lindos devem existir por aí, mas que por causa da carência ou de problemas com vícios, só enxergamos uma feiura cinza e causada por nós mesmos?
Ih, esgotei todas as minhas opções, mas a conversa ainda não acabou. Eu acho.
Quando não falamos nada, não quer dizer que estamos mortos, fechados, secos, ocos. Quer dizer que estamos pensando, que encontramos na nossa solidão uma espécie de abrigo que não encontraremos em mais ninguém. Tem gente que acumula amigos, palavras, emoções... E adora gritar para o mundo inteiro como é querido. Não acredito nisso. Não acredito em quem parece perfeito, em quem ama um coletivo, em quem se diz completo. Ninguém, repito, ninguém é completo. Sempre falta alguma coisa... Se não, cadê a graça? Nem último capítulo de novela é completo. Nem mesmo o tempo é completo. Nem uma “emoção” tão grande como a de uma copa do mundo é completa. Nem mesmo um ser provido de toda beleza do mundo – seja um ricaço ou um mendigo – é completo. Porque não faz o menor sentido ter tudo e todos, ser feliz como num comercial de margarina sem louça na pia e com suéter engomado. Uma vida completa não existe, desculpa.
Por isso, gosto tanto de ficar calada. Não preciso dizer nada, não preciso ter fulanos na minha cola e chama-los de irmãos, não preciso dizer que sou superior e que aprendo com a vida, não preciso usar filosofias alheias para mostrar como “sou feliz”. E não fico calada só por medo de falar besteira... Nem porque curto a ideia de economizar saliva. É porque gastar emoções forjadas é chato. É chato fingir, é chato mentir, é chato criar algo sem fundamento. E aí, quando você realmente é invadido por algo que mexe com seus sentidos, parece que está vivendo uma situação rotineira, igual às outras. E quando vai adjetiva-la, ou você usa expressões batidas ou fica sem palavras. Mas é tão mais fácil sorrir, ser alegre, esdrúxulo, fingir que o mundo é perfeito... E ser humano fica difícil. É difícil ter o direito de ter opinião quando você quiser. É difícil ser calado, desengonçado, errôneo, louco, bobo, “sem sal”. Porque não é popular, não faz sucesso, não é afável. Não fingir sentimentos é algo vazio demais para os outros.
E do que adianta agradar os outros? Ora... Os outros são os outros. E só. Obrigada pelas belas e verdadeiras palavras, Leoni.
Não sei qual será o próximo assunto a “bomba” por aí. Mas tenho certeza que vou comentar, vou parar meu mundo para tentar criar uma opinião a respeito do caso, vou viver encontrar palavras que descrevam essa situação. Por que? Porque mesmo amando um silêncio, sou viciada nessa brincadeira maluca de sorrir e fingir ser perfeita. Tão viciada que virei mendiga na calçada nesse mundo surreal criado por um tipo pirata de perfeição – só que não sou uma mendiga bonita, que pena.
Mas vem cá: você viu a novela ontem? 















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