quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Rio

Sinceramente, não sei como devo começar esse post. Já apaguei tantas vezes… E não é falta de inspiração, pois sinto as ideias borbulharem aqui dentro. É outra coisa. É bem pior. Bom, enquanto tento escrever, ouço “Corcovado” e penso no que estamos vivendo no momento. Será que alguém está conseguindo viver sem olhar os noticiários? Deus, como chegamos a esse ponto? Não, creo eu que a pergunta está errada, pois deveria ser: Deus, como vamos sair disso?

Sei que milhares de pessoas estão falando sobre a mesma coisa, mas a presença da minha opinião nesse blog tornou-se indispensável para mim. Estamos vivenciando uma rotina que não se explica, que nem os secretários, ministros e outras autoridades conseguem explicar.  Dizer “isso é uma guerra” é o maior clichê do momento. Lástima maior é tentar entender o que está acontecendo, a causa de tudo isso… Quando queremos culpar alguém – além dos bandidos, claro – devemos pensar num todo. Todos os fatores estão envolvidos quando de trata de encontrar um responsável por esse horror que somos obrigados a presenciar. Na saúde pública, vemos o problema causado pela “epidemia” de crack nos “barracos da cidade” e da maconha e cocaína nos lugares de elite; na educação, o fato de não expor os problemas causados pela violência e pela falta de profissionais devidamente qualificados; na segurança pública, ora, o problema é óbvio demais e não precisa ser descrito; o desemprego e a importância voltada para a imagem da cidade daqui a quatro ou cinco anos; na política, a falta de estrutura para superar um problema desse tamanho; na polícia, a corrupção – que com certeza está envolvida nessa bagunça – e a ausência de incentivo aos policiais… Indicar agressores e agredidos é algo que leva tempo, o que não temos no momento. Pensar em medidas drásticas é algo inevitável. Mas vejo que existe gente pra tudo nesse mundo: pra aumentar o pânico na população distribuindo boatos, apresentadores de TV que aproveitam para gritar e dizer que os rivais estão querendo ganha audiência, mas esses gritos são incapazes de exprimir soluções… Quantos mocinhos e bandidos vamos encontrar nessa história?

Olhando o Rio de Janeiro, penso que muita coisa poderia ser diferente agora, e penso mais ainda no fato da nossa cidade ter uma “personalidade” tão questionadora: por fora, é linda de morrer – com um lado bem literal nesse “morrer”, por dentro. Conquistamos turistas e balas. É isso que temos de sobra: medo e beleza. Mas a beleza agora virou apenas característica, enquanto o medo tomou posto de “imperador”. Tornou-se point de filosofias de última hora e pensamentos indigestos. Tornou-se central de mentiras desnecessárias e verdades assustadoras. Um reality show chocante demais para ser exibido e vivenciado 24 horas por dia. E dizer o que mais me chocou até agora é complicado, pois tudo nessa história me deixa tensa.

Sabemos que o Rio nunca mais será como antes, como se isso fosse uma ebulição de hormônios, dando destaque à adrenalina em sua overdose mais intensa. E então pensamos: será que o Rio vai amadurecer ou vai ficar na fase “moleque” depois dessa confusão?

Só resta rezar. E dar graças a Deus por termos sobrevivido a mais um dia de total desespero.

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