terça-feira, 13 de julho de 2010

O mundo

Eu poderia dizer muitas coisas sobre o mundo que me cerca. Poderia dizer que é um mundo injusto, feroz, insano... Talvez seja um mundo ancião, sozinho no universo, pedindo socorro. Poderia dizer que é um mundo simples, mecânico, inspirador. Talvez eu diria que é um mundo sossegado, tranqüilo, leve como uma pluma assanhada. Ou talvez eu diria que é cheio de curvas, de estradas, de leis e crimes na mesma balança.
Qualquer palavra eu poderia usar. Qualquer adjetivo, bonito ou feio. Poderia tentar esconder as impurezas e adicionar qualidades; poderia dar um ar majestoso ao pouco que resta de bom. Poderia dizer exatamente aonde precisa mudar, nos pontos certos e necessários. Poderia até dar umas dicas, uns “toques especiais”, algo que fosse para ajudá-lo em uma suposta mudança interna e externa. Poderia julgar suas necessidades, suas deficiências... Por que não fazer uma manifestação para que o mundo sobreviva?
Ah, quantas coisas eu poderia fazer pelo mundo... Poderia desvendá-lo em um só segundo. Poderia ministrá-lo, prejudicá-lo, beneficiá-lo, armazená-lo num pote transparente, deixá-lo cair no chão sujo do meu quarto, rabiscá-lo com minhas cores prediletas, arremessá-lo como um aviãozinho de papel, pendurá-lo no meu chaveiro, mantê-lo numa jaula de ferro, fazê-lo meu bibelô... Mil e uma utilidades.
Mas nenhuma seria tão boa como deixá-lo respirar sozinho.

Nathalie Gonçalves.


P.S.: o fim da matéria "Descodificando por aí" está previsto para esse mês. Aguardem!

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