Não sou mais a mesma pessoa. A vida passa por mim como se
nada fosse, como se nada valesse, dando a impressão de que vai acabar a
qualquer instante. Os dias são iguais; visito os mesmos lugares, falo com as
mesmas pessoas, finjo ser alguém que não pretendo ser nem em outra possível
vida. A intenção era ter o mundo aos meus pés, mas eles estão tão dormentes que
não sinto nada, não vejo nada, não quero nada...
Despeço-me desse mundo vão e cruel. Despeço-me desse portal
de futilidades, de picuinhas e de oprimidos que fingem serem caras legais. Despeço-me
desse mundo cheio de crianças que não cresceram, de câmeras captando as
sujeiras do espelho (além da feiura que o pobre reflete), de amores tão
avassaladores que acabam acompanhados de erros grotescos de português, de
revoltas assustadoramente desnecessárias, de gente que só enxerga a si mesmo.
Apago meus álbuns de lembrança, minhas frases de última hora e minhas tentativas
frustradas de ser diferente do que sou para ser igual aos outros.
E se um dia eu voltar, declaro-me desde já incapaz de
administrar minhas faculdades mentais – se é que isso seja possível no mundo
real.
Aos amigos de longa data, um abraço apertado e o forte
desejo de um olho no olho. Aos de última hora, que você também se despeça desse
mundo e se junte a mim nessa louca aventura que é sobreviver à própria vida –
sem aparelhos ou conexões de banda larga.
Até qualquer nova polêmica, irmãos de vício.
(Tumblr)
(Ouça Half the man, Jamiroquai)
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