terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Venhamos e convenhamos #2

Cá estamos nós. Saudades? Eu, não.
Ah, é tanta coisa pra contar que é melhor ficar calado. A gente perde tempo demais contando as tragédias da chuva ou simplesmente apostando nossas fichas numa invejável animação para contar as divertidas aventuras do início do ano. Ah, vamos fazer o seguinte? Vamos falar sobre o que queremos fazer quando esse ano resolver começar. Sabemos que é uma péssima ideia. Mas reciclar péssimas ideias é o tipo de ação que pode salvar o planeta, amiguinho. Não concorda?
Eu posso adivinhar seus desejos para esse ano com cara de apocalíptico. Você quer o mesmo que eu, meu caro. Quer ganhar uns contos... Contos em todos os sentidos. Quer ganhar dinheiro contando as histórias que quer ganhar também. Quer ganhar um amorzinho pra enrolar os cabelos quando o filme ficar chato e pra ligar e dizer aquelas baboseiras que a gente adora ouvir, quer fechar sua sala de estar e colocar aquela música detestada por todos e amada veemente por você, para dança-la até o sol dar as caras. Ah, você quer que todos saibam seu nome. Mas aposto que você detestaria ser atormentado no meio da rua para que lhe sacassem um registro do momento. Você, meu caro amigo, tem coisa melhor a fazer do que ser idolatrado por um bando de desorientados com tendência ao que podemos chamar de regresso. Ei, mais uma coisa em comum. Acho que é por isso que nos damos tão bem.
Não me diga que você quer pular o carnaval. Assim como eu, você vai ver as cores da Sapucaí na bela TV LCD do seu quarto, enquanto devora uma pipoca doce e curte o arrepio delicioso provocado pelo ar condicionado. Você gosta de pular, mas não quando uma data manda você pular com a desculpa de que você deve participar da alegria da multidão. Você gosta da alegria idiota de pular quando ouve aquela música de cinco anos atrás ou quando há uma cintura usuária de um bambolê invisível ao seu lado. Você ama isso, essa coisa de não ter hora para nada nem para ninguém. E ama também a ilusão de poder estar aonde quiser no momento que a cabeça permitir. Ah, quando março começar... Eu não sei onde vou estar. Acho que nem você sabe, adivinhei? Ui, já posso me profissionalizar nesse troço.
Venhamos e convenhamos, não há como sentir saudades do ano que passou. O acúmulo de coisas boas e ruins é inevitável, por mais que o saldo seja sempre negativo no dia trinta e um dezembro. Mas é aquilo, passou, folha arrancada, página virada. E eu sei como deve doer a dor da agressão desse novo ano que pede coisas novas... Sendo que a única coisa que você quer é viver como se não houvesse mês, semana ou dia. Temos mentes gêmeas, meu caro. Não vou estranhar se nossos pais forem os mesmos. Se não forem, precisamos dar um jeito de ficarmos juntos até que as sobrenaturalidades da vida resolvam nos separar.
Que a gente consiga tudo o que queremos. E o que a gente não conseguir, a gente recicla, assim como fazemos com nossas ideias que tem tudo para darem errado, e no fim das contas, rendem um bom papo.
tumblr_loc23gwxoT1qjotwao1_500 (1)(Ouça Vendaval, Ed Mota)

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