quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A despedida, a comemoração e a harmonia nossa de cada dia

Durante um ano (mais que isso, ok), esse blog abrigou dezenas de conjuntos de palavras que se intitulam “descodificadoras”. Aliás, esse adjetivo foi citado inúmeras vezes por aqui, o que faz com que eu me sinta bem repetitiva.
Durante três anos, vivi as loucuras de um ensino médio que vai fazer falta. Ok, isso não é um blog colegial, mas preciso destacar a importância desse tempo e dessa experiência (que já foi citada aqui). Afinal de contas, o que seria de mim sem as tantas codificações que aquela escola me proporcionou?
Durante meses e meses, espero pelo começo das férias. Para que a minha dedicação a este portal seja maior, para deixar de lado a necessidade de um ritmo “tranquilo” na semana e principalmente para aposentar meu pobre despertador – não sentirei saudades dos seus berros antes das sete, querido Jay Kay.
E agora, ansiosa e com medo da chuva apertar e dificultar minha volta pra casa depois de um dia de nenhuma tarefa no estágio, só tenho uma coisa a fazer: tentar dedilhar algumas palavras antes do centésimo post. Vocês leram direito. Centésimo.
Dedilhar... Sei que os leitores mais críticos e embalados pela brincadeira de fingir que é intelectual implicarão com este estranho verbo. E eu também implico com ele, apesar de adorar falá-lo – ou seja, também estou na brincadeira, no faz de conta. Antes que comecem a perguntar: “uai, eu pensei que dedilhar fosse algo exclusivo para instrumentistas, esse blog é feito de cordas?”, preciso dizer: calem-se, assim vocês me deixam mais louca ainda!
Sim, me apossei do verbo mesmo, na cara de pau. Explicações básicas: não toco violão, mesmo morrendo de vontade de aprender. Aliás, não toco nenhum instrumento além de guitarra imaginária e bateria de lápis e caneta. Então por que dedilho:
Hora da teoria do dia, amiguinhos.
Vamos fazer uma roda bem bonita e descodificar o verbo dedilhar. Ligando o lado lúdico da mente... Isso aí. Se imaginarmos esse tal verbo com os olhos bem fechados... Delicadeza. Vejo gestos delicados em volta das cordas. Como se essas cordas fossem fios de cabelo que a gente alisa, acaricia etc. E então sai aquele som lindo, maravilhoso, poderoso e... Ei, dá pra parar de reclamar que eu to enfeitando demais? Eu avisei, liga o lado lúdico! Que saco!
Enquanto bato com força nessas teclas quase apagadas para gerar as palavras nesta tela que se posiciona na exata altura dos meus olhos, sinto que estou dedilhando palavras. Criando uma harmonia entre essas letras soltas e formando significados distintos para cada mente. Portanto, dedilhamos nesse blog umas... cem vezes? Quase! Estamos chegando lá. Mas deixemos pra pensar em comemorações numa próxima rodada. O que importa agora é a consciência de que sim, somos capazes de gerar todo e qualquer tipo de harmonia em nossas vidas.
Como eu já disse uma vez, a nossa vida é feita de sons. No fim das contas, tudo dá em barulho ou sinfonia. Pode ser uma orquestra triste. Um violão ao pôr-do-sol. Uma guitarra às duas da manhã. Um agogô no meio do Pelourinho. Uma bateria de escola de samba exaltando as belezas mais raras e profundas de algum lugar do mundo. O piano de um café rebuscado e cheio de requinte. Um sax pra mostrar solidão, angústia e sorrisinho charmoso. Uma sanfona turbinada, em polvorosa. Um “tchechererêtchetchê” pra chamar de seu, sem eira nem beira, só pra explorar o sex appel da sua camisa xadrez e o poder de sedução do seu cabelo espetado. Um cavaquinho cheio de boemia e história pra contar. Um “pagodim” desletrado só pra extravasar e modernizar a velha frase “garçom, aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar...”.
Ou um batidão boladão cheio de inspiração. Ou não.
Ah, vocês é quem sabem... Vocês são quem harmonizam e desarmonizam suas vidas. E que façam isso com cuidado, cautela ou coisa parecida. Que saibam respeitar momentos, sintonizar sentimentos, rimar... É, tenho aprendido que rimar não é tão necessário assim. Afinal, existem coisas mais importantes, como não perder o foco.
Eu falo de harmonia. Enquanto isso, falo de despedida. Tô dizendo tchau pra um monte de gente que eu vi amadurecer comigo. Tô dizendo oi pra um ano que já chega com o título de “exterminador do futuro”. Tô contendo as lágrimas, tentando parar de roer as unhas e enchendo bolas pra festa imaginária desta casa. Tô aqui, pensando na vida, enquanto ainda me restam 70 minutos de trabalho.
É a vida, como sempre. Eu escolhi minha canção favorita. Ainda troco de vez em quando, mas não é por mal. É só por vício em novidades. E que esse vício me salve de qualquer resquício de saudade ou desafinação.

(Ouça Eu e a vida, Jorge Vercillo)
anna bezerra(Anna Bezerra)
Je vois la vie en rose, amiguinhos.

Post 98. Contagem regressiva.

#Descodifiquem-se!

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