Hoje não sei o que falar. Estou consideravelmente confusa, minha cabeça fica a girar. Talvez seja pelo frio, pelo tédio, pelos "tangos e tragédias" que vivemos. O que mais me chama a atenção é o fato de minha mente estar tão cheia de ideias, tão absoluta. Meu raciocínio se transforma num objeto de tortura, numa loucura incomparavelmente única. No extremo da insanidade, acabei pegando no sono.Então tive um sonho. Louco, desvairado como sempre. Era um sonho forçado, parecia tão inventado, mas era sonho mesmo. Sonhei com a vida dentro da morte, com a morte dentro da vida. Sonhei com o choro que limpava o sorriso, sonhei com o riso solitário no canto da boca. Sonhei com o profundo medo de acordar. Sonhava feliz, triste, desacreditada. Sonhava com o que me seguia, me sentia algo intrépido demais para concluir alguma coisa. Era um delírio, uma virtude dentro de um grito na calada da noite. Aquele sereno mórbido, aquela falta de vida no meio da escuridão, aquela ópera insensata e descompensada era só ilusão. Mas era um sonho. Sim, eu ali sonhava, ali pensava no que fazer da minha vida. Planos num formato nunca visto antes, intensidade no berro da manhã. Um amplificador de palavras solitário, uma voz lá no fim da curva solitária. Eu era sozinha, mesmo cheia de gente ao meu lado. Ondas gigantes de arrepio me assustavam, me perdiam no meio do nada. Eu gritava tantos nomes! "Maria!" "João!" "Pedrinho!". Ninguém saberia me explicar o que houve realmente. Nem eu teria tamanha competência. Por isso, me reservei. Matutei, voei, me inspirei no meio da imaginação vazia que só queria brincar. Era um plano perfeito. Um sonho perfeito. Era só mais um sonho? Era mais. Era bem mais que um simples sonho. Era aquele sonho. Só meu.
Nathalie Gonçalves.
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