Eu queria ser a estrada. Longa, corrida, invertida, sozinha, ou acompanhada apenas pelo asfalto obscuro. Queria ter sua experiência, queria sentir toda a velocidade dos carros. Queria ter seus caminhos, queria ter suas histórias. Histórias de um longo dia de trabalho, de uma longa noite de risos... Queria sentir o vento no rosto.
Eu queria ser um aeroporto. Ser o portal dos abraços, das chegadas, das partidas, dos beijos apaixonados, das lágrimas salgadas, dos risos suaves e de satisfação. Queria ser o abrigo das asas, a parada do céu, a estação da saudade ou apenas de um novo começo. Queria dizer “oi” ou dar “tchau” para os aviões. Queria sentir o vento no rosto.
Eu queria ser um avião. Pose de indestrutível, forte, durão. Máquina mortífera? Apenas mais um no céu, grandioso e infinito. Mascarado, aquele que toca as nuvens, que beija a lua, que carrega nas costas vidas cheias de tédio ou cheias de emoção por milhas e milhas. Queria ter asas iluminadas, aonde eu pudesse cumprimentar a lua e admirar o que há lá embaixo. Queria ser inteligente, poderoso, magnata, mas preservando minha alma, meu coração. Queria sentir o vento no rosto.
E então eu acordo. Vejo que dentro de mim há tudo o que quero ser. Sim, eu sou uma estrada: a cada dia descubro um caminho diferente, sinto novas emoções por meio da velocidade da vida, da intensidade das horas. Sim, eu sou um aeroporto: sou o porto seguro de quem vai e de quem fica, o lugar onde as lágrimas são puras e os risos são vitoriosos. Sim, eu sou um avião: tenho um coração quente, tenho um quê de máquina, e posso encontrar a lua dentro de mim na hora que eu quiser; eu posso voar, posso sentir o vento no rosto. É só fechar os olhos e seguir meu sonhos, seguir o que é real. É só fechar os olhos e eu aprenderei a voar. Eu voarei no meu céu; o mais forte, o mais lindo, o único. Aquele que não se apaga nunca.
Nathalie Gonçalves.
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